MAMA AFRICA

Nestes dias ando com muita saudade da Bahia.  Neste mar achei minha terra! Nesta terra nasce a cada dia a flor da minha existência, uma flor de agua e dança. Tenho tristeza de ir embora.. Por isso, decidi escriver de novo sobre "Africa", sobre o pedaço dela que temos dentro do nosso ventre...

Andando para coletar lembranças, achei no museu do Benin uma exposição sobre a cultura Iorubá, a cultura africana que atravessou o oceano e chegou nas Américas no processo da escravidão,  e encontrei nela um monte de peças sobre maternidade,  gestação,  amamentação, feminidade...

Poucas comunidades no mundo tem cultuado os mistérios dos ciclos femininos quanto a cultura Iorubá, que mora em Benin, Nigéria e parte da Angola, e que após 500 anos também mora um poco adentro de nós. Acredito que aquilo que a gente chama indiscriminadamente de "Africa", é precisamente a herança do pensamento iorubá. Um pensamento que é corposofico, um pensamento que para ser vivido precisa ser dançado!

Fiz algumas fotos das peças, me dediquei ao turismo... achei legal que saibam como gosto da ideia de que uma Mama Africa existe em mim. Gosto da ideia de saber que existe um lugar que entendeu o mistério do ventre, onde é dançado, onde é amado, inventado, sonhado...

Um ventre gestante com símbolos de fertilidade, vida e poder...

A seguinte mascara pertence ao festival Gúeledé, é usada para acalmar o poder das antigas "Mães ancestrais", poderosas feticheiras que conhecem os mistérios da vida, a morte e o renascimento... os princípios do ventre e das aguas eternas:

Esta mãe amamentando seu filhotinho. O prazer nos olhos calmos em  estado de meditação: a amamentação é o yoga materno, a unidade com a vida, por médio da via láctea do coração...

Enseguida uma linda barriguda com suas mãos acariciando o ventre,  neste mudra universal:

E esta moça na flor de sua fertilidade...

Uma mestra de dança me contou que no universo iorubá 1+1 não é 2, é 3... Eu lembrei de mim e do Ilah, ele e eu fazemos um trio, o terceiro é o amor.